Doce e ausente Amiga te envio o mar. O
mar rumoroso que vestes sempre, um mar
de sal e conchas que te talham os pés,
um mar de areias, temporal, sonhos num
por do sol.
Te envio o mar que trazes nas mãos e
te envio pérolas em forma de lágrimas
de alívio, vento no rosto, maresia e
iodo, coral. Te envio o mar que trazes
nos olhos, cansados, cheios de
incertezas, ondas e espuma, um teu mar
que está sempre perto de ti, ainda que
estejas longe dele.
Te envio o mar que trazes nesta tua
incerteza, sal, sol, palavras fugidias
que não escutamos com a rebentação.
Te envio o mar que tambem eu sempre
trago em mim.
Chama arde
sinto gratidão pelo que deixei e nunca me deixas-te
pela minha revolta de vida
onde quis um novo começar
e encontro-me no ponto de partida
Caso para se dizer que "Bom filho a sua casa torna"
Aqui estou eu com um singelo Obrigada
por nunca teres deixado minha morada
Eu que parti sem nada dizer
E volto sem avizar sequer
Sou como o vento
que nasce e morre sem dar a entender
Sou como o passaro
Que emigra nos recantos da alma
E volta quando sente que minha dor reclama
A casa que tanto carinho me dão
aqui estou eu de novo
Não prometendo ter de partir
Depende do meu sentir
da minha forma de estar
do vento que me leva
Ou até mesmo das ondas do meu verbo amar
ele que sem piedade
faz com que minha chama arda ou apague
Alzira Macedo